Recordação

Há dias como o de hoje, que o corpo doi e a alma não se sente.

Dias que qualquer frase provoca uma ferida que não cicatriza, que mexe demais, que arrefece menos...

Mas há outros dias em que tudo isto acontece mas até possuimos recordações que nos mantém com forças, e apesar do meu estado melancólico, o meu pensamento procura pensamentos positivos, lembranças que me tiram do sério, lembranças que me proporcionas-te e que guardo a sete chaves em mim... Mas que me fazem sorrir sempre que me recordo, e trazem uma certa nostalgia, uma certa vontade de deixar tudo e voltar a viver tudo de novo contigo... São estes momentos especiais que me fazem continuar bem interiormente,mesmo sabendo que estou um bocado debilitada fisicamente...

Hoje encontro-me aqui presa a esta água que revitaliza o meu viver e me envolve com uma energia fascinante.

Aqui, agarro a água e volto a deitá-la na água, mas fecho os olhos e imagino o teu corpo à minha frente, imagino que estas gotas soltadas por mim, percorrem o teu corpo, percorrem o teu corpo e a sensualidade envolve-te no seu esplendor máximo... Levo o resto de água, que me resta na mão, aos teus lábios, e deixo que os meus lábios toquem nos teus, num momento eterno.

De volta à realidade...

Guarda este segredo...

Saudade é um bocado de mim que ficou em ti. É uma distância incompreendida e vivida ao extremo. É uma insegurança impaciente, é um sentimento crescente, que se vai cravando na nossa alma no nosso espirito.

Saudade é um despertar amargurado, é um olhar previsivel, é um toque que não existe.

Saudade é uma palavra rude, que movimenta uma esperança fugaz.

Saudade é o brilho dos meus olhos, é um bater de coração mais acelerado, é um abraço lembrado.

Saudade é a tua ausência de mim, é um criar de dúvidas repentino, é um pensamento aspero...

Vem queimar esta saudade que me deixa sem respirar... A mim e a ti...

desejo vs duvida

Nesta noite estrelada, lá em cima descansa em paz uma lua, que emite apenas metade do seu brilho, Eos apenas quer que tenha metade desta luz para iluminar o meu caminho.

Uma insónia preponderante queima-me a alma e torna-me mais susceptivel ao teu olhar, às tuas atitudes às tuas acções e ao mesmo tempo sinto-me fraca por não conseguir combater esta estupida insónia que não me deixa descansar o pensamento.

Dark angel, salva-me desta agonia, diz me com todas as certezas ,que tens, que ainda sentes a paixão por mim, que um dia eu vi. Diz-me que as minhas atitudes não têm apaziguado esse sentimento, diz-me que ainda tenho interesse para ti.

Não me deixes cair neste poço sem fim, nesta estrada sem caminho, não me deixes debilitada novamente.

Nesta noite em que o desejo e a duvida se encontraram não consegui nem uma vez decifrar o teu pensamento, talvez a culpa tenha sido da lua, Eos foi cruel...

Em dois dias ofereci-te o meu sacrificio...

Mais um raio de luz...

Sentada nestas escadas, sentindo este chão frio, e este frio a entranhar- se pelo meu corpo... Mesmo assim tenho estes raios de sol fortissimos, que me iluminam de vez enquando, a sobreporem- se a este frio que se entranhou. Mas nada destes estados que tentam desafiar o meu metabolismo, nada, me consegue preencher o vazio que sinto, aquele vazio evitável, aquele vazio derivado do teu silêncio. Esse silêncio que me causa uma agonia, que me fere, que me marca...

Apesar de todo este meu sentir tento procurar um lugar que me acolha, tento distrair-me, tento não pensar... Há coisas que me continuam a fazer mal, e estão dificeis de controlar...

O sol está preste a deixar-me e o frio que sentia dissipou-se, o meu corpo conseguiu aquecer parte da pedra das escadas onde me sentei, mas está na hora de ir embora, já não tenho mais nada aqui a fazer, já não pertenço aqui.

Encontro

Uma caneta na mão, uma folha na mesa e o tempo a passar, rápidamente...Aqui vejo o tempo a passar rápido, a uma velocidade incontrolável. O facto de possuirmos objectivos futuros próximos faz dissipar o tempo, transforma-o numa substância volátil. De vez enquando dou por mim, a abandonar esta caneta, que me dá cabo dos musculos do braço, e a navegar num pensamento profundo, do meu encontro contigo.

O envolver do meu olhar no teu, o meu coração a querer saltar do meu peito e os meus braços com uma vontade infinita de te abraçar... É um olhar nos teus olhos e uma tentativa de percepcionar o teu estado alma, se se poderá comparar com o meu... Deixa-te ficar ao meu lado...

Desperto desta minha ilusão, volto a pegar na minha caneta e a arrumar o meu pensamento. Mas fica a saber que esbocei um sorriso maroto...

As minhas asas...

Por momentos deixei as minhas asas, mas foi um momento de fraqueza, foi um momento de constatação de factos... Deixa-me voar e acompanha-me, é aquilo que te peço, é aquilo que te peço com a força de que poderás concretizar o meu desejo, que um dia será o teu.

Continuas a manter uma distância infinita e impenetrável que me cega de dia e que visualizo de noite, uma distância dificil de compreender, mas que existe, porque a proporcionas e a proporcionas porque queres, porque faz parte de ti.

Preciso de ti, a cada dia que passa e a cada dia que não passa, porque sem ti até os dias custam a passar. Leva-me daqui para bem longe, e voa comigo, porque jamais te deixarei voar só, continuarei contigo até ao infinito.

A troca de olhares mata-me por dentro e ao mesmo tempo apazigua uma vontade...